2 de setembro de 2009

Reflexão sobre Excluidos




“Havia várias coisas e pessoas no tempo de Jesus que eram consideradas impuras. A lista é longa e acha-se, naturalmente, em Levíticos. Ser impuro significa que você é desqualificado para entrar no templo. Ser impuro é ser profano e portanto impróprio para estar na presença de um Deus Santo. E até mesmo tocar alguém considerado impuro … como uma mulher sangrando ou um cadáver é profanar a si mesmo de forma que você também é agora impuro. Nesse sistema as coisas eram claras e todos tinham uma identidade. Mas Jesus bagunçou a coisa toda. O que… é o jeito dele.

Nadia Bolz-Weber, pastora luterana da Casa para Todos os Pecadores e Santos em Denver, Colorado, Estados Unidos

Eu adoro o fato de o texto do dia dos evangelhos ser sobre Jesus tocando pessoas as quais ele não deveria estar tocando. Jesus profanando a si e quebrando todas as regras da sociedade sobre pureza. Tornando todas as pessoas erradas dignas de estarem na presença de um Santo Deus. Eu adoro o fato de este texto vir a nós nesse dia… o Dia de Festa dos impuros … também chamado de Dia do Orgulho Gay. É apropriado que estejamos aqui sentados e lendo este texto como trans e drag kings e bichonas e sapatonas e todas as outras pessoas às quais a sociedade trata como mulheres com fluxo de sangue e dead girls andando nas ruas de Denver. Tem um episódio famoso dos Simpsons intitulado “Homer-fobia” onde a esposa do Homer – Marge – fica amiga de um decorador de interiores dublado pelo diretor de filme muito famoso e muito gay John Waters. Ele e o Homer ficam amigos muito rápido até que o Homer finalmente suspeita que seu novo amigo é gay. A personagem do John Waters tenta dizer ao Homer que ele é gay na maior parte do episódio, até que finalmente Waters diz “Homer – eu sou bicha”, ao que o Homer diz “Você não pode chamar-se bicha. Este é o nosso nome para gozar de você e nós precisaaaaamos dele.”

Nós precisamos ter o limpo e o impuro. Nós precisamos – para saber quem nós somos. Nós precisamos “daquelas pessoas” para apontar para quem quer que sejam “aquelas pessoas” para você: os conservadores intolerantes ou os liberais imorais. Os pobres asquerosos ou os ricos asquerosos. Os ateus ou os Evangélicos. Na semana passada nós lemos a história de Jesus e os discípulos atravessando o mar encrespado, perigoso e amedrontador do lado Judeu até o lado gentio. E hoje no Evangelho de Marcos nós estamos de repente de volta no lado Judeu, mas o que nós perdemos no meio é incrível. Veja: quando estava no lado gentio da lagoa Jesus expulsou uma legião inteira de demônios de um cara doido mendigo. Que história! E embora você pense que o povoado ficaria feliz porque o seu cara doido e mendigo estava agora vestido, no seu perfeito juízo e … sabe, comendo com talheres e tudo o mais. Não, eles não ficaram. Eles ficaram amedrontados e furiosos. Porque enquanto ele fosse o cara doido do povoado eles não tinham que olhar para suas próprias doideras. Jesus distorceu esse pequeno sistema de pureza e eles ficaram brabos. Eles precisaaaavam que aquele cara fosse impuro para que eles se sentissem justos com Deus. Eles expulsaram Jesus para fora do povoado porque ele tirou algo muito precioso deles… a saber, a identidade que eles tinham em relação com quem eles consideravam impuro.

Tradução: K-fé Por Nadia Bolz-Weber, em seu site Sarcastic Lutheran.

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